Até um dia…

E assim se acaba uma história de 11 meses. E assim se desaba o que foi construído. E assim se evapora todos os sonhos.

“Até um dia…” diz ela. Mas não sei se esse diria irá existir.

Já não escrevia há tanto tempo. Tudo acabou há dois meses e nunca fui capaz de escrever, nada me saia, não por não ter nada a dizer mas porque existe um turbilhão de sentimentos e emoções dentro de mim que nem sei como as passar para papel…

Mas já está na altura. Talvez seja disto que eu precise para encerrar este capítulo.

Sabem quando passam as noites em branco porque ao fecharem os olhos aparecem vos imagens que já mais queriam ver ou voltar a ver? Sabem quando se deitam e o choro não se controla? Quando passam por um sítio e lembram se do que não querem? Quando ouvem uma música que tem tanto significado que até dói?

É…eu ainda me estou habituar a isso. Dois meses se passaram e ainda tenho medo de fechar os olhos e ver o que não quero, ainda sentir as lágrimas a escorrerem me pelo rosto, de acordar e ver ela no meu quarto, de ouvir a nossa música e sentir aquela dor que por mais que não queira está lá, sempre pronta a demonstrar que não me larga.

Sinto-me tão cansada, as minhas forças se foram, o meu chão estremeceu e tudo o que pensava sólido desabou completamente. Cair de joelhos e sentar-me a chorar tornou-se tão habitual que começo a ganhar feridas. Mas estas visíveis.

Tenho tantas feridas abertas, cicatrizes que não sararam, cacos espedaçados…o meu muro foi derrubado pela única pessoa que o conseguiu ultrapassar, a única que deixei entrar. Mas ela ao sair quebrou-o e agora todas as feridas, todos os medos, tudo o que escondia estão visíveis, estou mais frágil que nunca.

O sorriso esconde as lágrimas, o silêncio os gritos dentro de mim…

Acordar e encarnar uma personagem virou rotina, uma personagem na minha própria vida, uma personagem que esconde o “Eu” que quase que deixou de existir fora destas quatro paredes. Eu fechei-me e deixei esta pessoa comandar o meu corpo e ser o que os outros esperam que eu seja.

Às vezes a única coisa que queria era agarrar-me a alguém e mostrar lhe o que está comigo, dentro de mim e deixa-la ver toda a escuridão que existe. Mas é uma escuridão tão absorvente que não quero que alguém a veja.

As minhas perguntas são tantas mas já desisti de as fazer pois a resposta que obtenho é sempre a mesma. Contradições e mais contradições, não percebo e é esse o meu mal.

Como se deixa de amar de um momento para outro? Como se troca 11 meses por duas semanas? Como se beija duas pessoas no mesmo dia, sendo uma supostamente a pessoa que se ama? Como se ama e se decide ficar com outra pessoa? Como se age como se nada tivesse passado? Como é que..que..? Como é que foi capaz? Como?

11 meses, 330 e tal dias, milhares de momentos, várias partilhas..

2 semanas, 15 dias, umas quantas conversas, quase que nem partilharam nada…

Como se troca algo sem comparação?! Como é que se deixa de amar? Alguém que me diga que bem que o preciso! Alguém que me meta na cabeça como é que se troca o que se tem e se sabe o que se tem para o que mal conhece. Por favor…Esta dor começa a ser insuportável, esta raiva começa a se apoderar, esta tristeza começa a aumentar…

Tudo o que queria era, só um pouco, de paz. De uma mente limpa e de um coração recuperado.

Talvez agora tudo comece a abrandar. Que o choro comece a ser moderado, que a dor comece a ser indiferente, que tudo se torne insignificante.

Que um dia tudo acabe. Como tudo acabou.

Eu virou tu e nós não viramos nada.

“Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por ai, pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor”

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